Com mais de mil anos de história documentada, a República de Belarus surge como um estado europeu independente em 1991, após o colapso da União Soviética. Conhecida até então como República Socialista Soviética da Bielorrússia, que integrava a URSS, desde a sua independência passa a ser chamada oficialmente em português como República de Belarus, ou, abreviada, Belarus. O adjetivo derivado do nome do país é belarusso: a língua belarussa, o povo belarusso.
Desde as primeiras eleições presidenciais, em 1994, o país é governado por Aliaksandr Lukashenka que logo se tornou um ditador autocrata, implementando políticas de aproximação com a Rússia e alterando a constituição do país para estabelecer a língua russa como oficial (até 1995, somente a língua belarussa era oficial), regredindo os símbolos nacionais – brasão e bandeira – a similares aos da época soviética, além de fechar escolas de língua belarussa e perseguir falantes de belarusso.
Nas eleições presidenciais de 2020, o povo belarusso elegeu Sviatlana Tsikhanouskaya, porém, o ditador se recusou a deixar o poder, expulsou a presidenta eleita do país e, desde então, reprime os protestos pacíficos cujo símbolo é a bandeira nacional e histórica branca, vermelha e branca, de fato proibida pelo ditador.

O brasão Pahônia, que retrata um cavaleiro armado perseguindo inimigos, tem mais de 700 anos de história e surge ainda na época do Grão-Ducado da Lituânia, Estado ancestral de Belarus cuja língua de documentação oficial era o belarusso antigo. A bandeira foi desenhada com base nas cores desse brasão histórico para a República Popular de Belarus, proclamada em 1918, e hoje o mais antigo governo em exílio no mundo. Os mesmos símbolos foram adotados pela República de Belarus, em 1991, e atualmente são reconhecidos como símbolos do país pela sociedade democrática.

A história escrita de Belarus tem mais de mil anos, desde as primeiras menções nas crônicas da cidade de Polatsk, em 862, quando esta foi o centro de um poderoso ducado que competia com Kyiv.
Os ducados belarussos e suas subsequentes uniões com outros Estados da época formaram algumas das maiores alianças político-militares que a Europa já viu – o Grão-Ducado da Lituânia e a República das Duas Nações – com o intuito de se defender das ameaças do Oriente (moscovitas) e do Ocidente (teutônicos). Entretanto, após sucessivas guerras e conflitos internos, as terras belarussas foram invadidas e anexadas pelo império russo, no final do século XVIII, o que dá início a um processo de russificação intensificada no regime soviético e reforçada pelo atual ditador. No entanto, o povo belarusso sempre lutou por sua liberdade e pelo direito universal de manter sua identidade, língua e cultura, nunca interrompidas nem exterminadas, ao contrário, suas forças estão sendo renovadas hoje mais do que nunca.
Geografia e população

A República de Belarus está localizada no centro da Europa e, com um território de 207.595 km², figura entre os 15 maiores países europeus, sendo o maior país da Europa sem saída para o mar. Belarus possui fronteiras com a Lituânia, Polônia, Ucrânia, Rússia e Letônia.
A população de Belarus é de 9,5 milhões de pessoas, das quais cerca de 2 milhões residem na capital, Minsk, localizada no centro do país.

Estima-se que a população belarussa no exterior alcance ainda 1,5 milhão de pessoas.
Belarus não tem religião oficial e conta com numerosas comunidades de diversas vertentes religiosas como o cristianismo (católico, ortodoxo e uniata), islamismo e judaismo.
Economia
Belarus tem o 64º maior PIB per capita do mundo.
Principais áreas industriais: engenharia mecânica, maquinário pesado, refinaria de petróleo, indústria química, produção de fertilizantes, agropecuária, TI, produção de eletrodomésticos, dentre outras.
Moeda nacional: rubel (BYN)
Câmbio (26.07.2021): 1 BYN ≈ 2 BRL
O salário mínimo é de 375 rubéis, o médio é de 1.118 rubéis. A pensão de aposentadoria média mensal em fevereiro de 2020 é de 432 rubéis.
Desenvolvimento Social
Expectativa de vida ao nascer – 74,6 anos (2018).
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – 0,817 (2018).
A idade média da população é de 40,7 anos (2020).
A população urbana é de 77,54% do total (2020).
22% da população tem ensino superior e/ou pós-graduação (2020).
Índice de alfabetização de pessoas adultas – 99,8% (2015).
Mortalidade infantil – 2,4 por 1.000 nascidos vivos (2019).
Organização Política
Estado:
de jure: democrático, regido pelo Estado de Direito.
de facto: unitário, autoritário com poderes presidenciais ilimitados.
Constituição:
de jure: аa lei básica do Estado.
de facto: qualquer parágrafo da constituição pode ser revogado ou alterado por decreto presidencial, o qual tem força de lei.
Poder Executivo:
chefes de órgãos executivos locais são nomeados pelo chefe de Estado, os residentes locais não podem influenciar essas nomeações.
Legislação:
de jure: a mais alta instituição legislativa – a Assembleia Nacional, composta pela Câmara de Representantes (110 representantes por sufrágio universal) e pelo Conselho da República (64 pessoas – eleitas pelos conselhos locais e nomeadas pelo presidente).
de facto: o chefe de Estado tem poderes ilimitados.
Judiciário:
de jure: realizado pelo Supremo Tribunal, o Supremo Tribunal Econômico e o Tribunal Constitucional.
de facto: o chefe de Estado tem poderes ilimitados.
Direitos humanos
Belarus é o único país da Europa e do espaço pós-soviético a aplicar anualmente a pena de morte em seus cidadãos.
As violações do direito à reunião pacífica continuam: desde agosto de 2020, os protestos pacíficos não cessaram, apesar da violência policial.
Os direitos à integridade pessoal, isenção de tortura e tratamento cruel, desumano e degradante são violados.
A mídia independente e jornalistas, que estão sob grande pressão, estão sofrendo perseguições.
A liberdade de expressão é restrita.
Belarus é um Estado policial: 1.442 policiais para 100.000 habitantes.
Existem muitas restrições para pessoas com deficiência devido à falta de infraestrutura adequada e pouca assistência social do Estado.
Representantes da comunidade LGBT enfrentam um nível muito alto de estereótipos negativos e preconceitos sociais. Atitudes negativas em relação à comunidade LGBT são mantidas no mais alto nível, inclusive pelo ditador, Aliaksandr Lukachenka.
Em 2017, as autoridades introduziram um imposto de desemprego que causou uma forte revolta na sociedade.
Turismo
Desde 2016, está em vigor a isenção de vistos de turismo, de negócios e de trânsito para viajantes do Brasil que desejem visitar Belarus e vice-versa.
Em Belarus, há quatro lugares declarados como Patrimônio Mundial da UNESCO:
Parque Nacional Belavejskaia Pushtcha é uma das florestas mais antigas da Europa, protegida desde o século XIV. Aqui fica a residência do Papai Noel belarusso e o lar do maior mamífero da Europa – o bisão europeu.

Castelo de Mir. Construído no início do século XVI, combina estilos gótico, barroco e renascentista. Hoje, existe um museu e um hotel no castelo que recebem turistas.

Complexo de Palácios e Parques de Niasvij.Construído no século XVI, combina características de vários estilos arquitetônicos. Foi a residência da família Radzivil – uma das mais influentes da Europa. Hoje, dentro das muralhas do castelo, existe um museu e um hotel que recebe turistas. Junto com o palácio e os parques, o complexo inclui a Igreja de Corpus Christi – o primeiro barroco na Europa Central e Oriental, a rátusha – a administração municipal – e o Portão de Slutsk, parte do sistema de defesa da cidade.

Arco Geodésico de Struve é um monumento da ciência e tecnologia do século XIX. Trata-se do maior instrumento geodésico do mundo, com 265 pontos de triangulação em 10 países europeus. O maior número de pontos está no território de Belarus.
Ecoturismo. Belarus tem um grande potencial para o ecoturismo. O País possui quatro parques nacionais e duas reservas naturais. No sul de Belarus, existe um conjunto único de pântanos conhecidos como os “pulmões da Europa”. Nosso país se destaca por sua densa rede de rios e lagos, amplas oportunidades para a observação de pássaros e animais selvagens e florestas antigas.
Turismo rural. Este tipo de turismo é bem desenvolvido em Belarus. Mais de duas mil propriedades agrícolas recebem turistas, oferecendo a oportunidade de desfrutar da tranquilidade da vida no campo, lazer ao ar livre, preparação e degustação de pratos tradicionais belarussos, além de contato com animais de criação.
Turismo de saúde. A alta qualidade dos serviços médicos e seu custo relativamente baixo, em comparação com os países da Europa Ocidental e Oriental, fomentaram o turismo medicinal em Belarus. O turismo de bem-estar também é popular – há uma grande rede de resorts especializados no país, onde se utilizam águas minerais, lama terapêutica e se oferecem vários procedimentos fisioterapêuticos.
Ecologia
A maior reserva florestal em Belarus é a Reserva Radiológica de Palesse, que ocupa uma área de 2162 km² contaminada pela radiação e com acesso restrito.
Depois da explosão na Usina Nuclear de Tchornóbyl, na vizinha Ucrânia, Belarus recebeu 70% da radiação vazada da usina e teve um quinto de sua atividade agrícola comprometida, sendo o país mais afetado pelo desastre.
Laureada com o prêmio Nobel, a escritora belarussa Sviatlana Aleksiévitch escreveu sobre as consequências do desastre no seu livro Vozes de Tchernóbil (1998), traduzido para o português em 2016.
No entanto, o ditador belarusso inaugurou, na cidade belarussa de Astravets, em novembro de 2020, uma usina nuclear projetada e financiada pela Rússia.
Notícias sobre Belarus em português: Voice of Belarus.